ÉTICA


A Apologia de Sócrates
Tarefa difícil o tratamento do termo uma vez que seu histórico de embates na filosofia, direito, e tantas outras áreas do conhecimento, é milenar(...). Logo, torna-se necessário partir das primeiras definições, na Grécia Antiga, até uma compreensão mais completa e crítica do campo Ética. 
Em geral, a ética é definida como sendo a ciência da conduta humana. “”Existem duas concepções fundamentais dessa ciência: 1ª a ciência que a considera como ciência do fim para o qual a conduta dos homens deve ser orientada e dos meios para atingir tal fim, deduzindo tanto o fim quanto os meios da natureza do homem; 2ª a que a considera como a ciência do móvel da conduta humana e procura determinar tal móvel com vistas a dirigir ou disciplinar essa conduta. Essas duas concepções, que se entremesclaram de várias maneiras na Antiguidade e no mundo moderno, são profundamente diferentes e falam duas línguas diversas. A primeira fala a língua do ideal para o qual o homem se dirige por sua natureza e, por conseguinte, da “natureza”, “essência” ou “substância” do homem. Já a segunda fala dos “motivos” ou “causas” da conduta humana, ou das “forças” que a determinam, pretendendo ater-se ao conhecimento dos fatos. A confusão entre ambos os pontos de vista heterogêneos foi possibilitada pelo fato de que ambas costumam apresentar-se com definições aparentemente idênticas do bemMas a análise da noção de bem logo mostra a ambiguidade que ela oculta, já que bem pode significar o que é (pelo fato de que é) ou o que é objeto do desejo, de aspiração, etc, e estes dois significados correspondem exatamente às duas concepções de Ética, acima distintas. De fato, é característica da concepção 1ª a noção de bem como realidade perfeita ou perfeição real, ao passo que na concepção 2ª encontra-se a noção de bem como objeto de apetição. Por isso, quando se afirma que “o bem é a felicidade”, a palavra “bem” tem um significacdo completamente diferente daquele que se encontra na afirmação “o bem é o prazer”. A primeira asserção (no sentido em que é feita, por exemplo, por Aristóteles e por São Tomás), significa: “a felicidade é o fim da conduta humana, dedutível da natureza racional do homem”, ao passo que a segunda asserção significa “o prazer é o móvel habitual e constante da conduta humana”. Como o significado e o alcance das duas asserções são, portanto, completamente diferentes, sempre se deve ter em mente a distinção entre ética do fim e ética do móvel, nas discussões sobre ética.(Abbagnano, Nicola-Dicionário de Filosofia-Martins Fontes, 2000).  
Partindo desta distinção, vale ressaltar que a ética do fim envolve, principalmente, temas que já no período antigo se consolidaram, como: a felicidade, a utilidade, a liberdade, etc. Ou seja, temas que vão de encontro para com a natureza comúm entre os homens(...). Assim como, por outro lado, a ética do desejo estabelece a amplitude das possibilidades da motivação ou desejo humano(...). Isto é, pode-se denotar desta distinção entre as duas concepções que, na ética do fim, como é possível constatar nos antigos, os temas que se destacaram vêm plenamente de encontro à natureza geral daquilo que se pode considerar como de interesse de ‘todos’ os homens. E, na ética do desejo que a distinção mais forte encontra-se na motivação de novas formas de conduta assim como de novas formas de variações derivadas das condutas aculturadas com as novas formas ainda não-aculturadas. Consequentemente, estabelece-se o campo ético no sentido de representar o contingencial e circunstancial (na denotação de Aristóteles, o ‘não-ser do relativismo’), ou seja, o contexto no qual se requer prudência para com a consideração de todos os pontos de vista, uma vez que a todo momento, principalmente em uma democracia, as leis, os estatutos e algumas condutas são sempre contestadas. Logo, denota-se deste contexto e desta contingência, o fato de que o juízo de valor moral é subjetivo, isto é, representa-se como apenas mais um juízo diante de tantos outros possíveis(...). Assim sendo, conclui-se então que o campo ético requer reflexão crítico-filosófica constante em forma de debate sobre os temas contextualizados na comunidade, assim como, a necessidade de se chegar ao consenso e consequente universalização daqueles que foram escolhidos como sendo os melhores princípios de conduta nesta mesma comunidade.   
Assim, de forma resumida, podemos definir ética como sendo a ciência que estuda os juízos morais referentes à conduta humana. Isto é, considerar que os princípios da ética são reflexivos, norteiam a reflexão na hora em que precisamos agir. Quando temos que refletir sobre o que fazer e qual o valor das ações, nós estamos no campo da ética que é uma investigação e uma reflexão filosófica sobre o agir humano e o seu valor. Assim como é oportuno ressaltar que ética e moral, ainda que pertencentes ao mesmo campo de valor e reflexão, distinguem-se, ou seja, uma vez que moral define-se como sendo um conjunto de regras de conduta baseadas nas noções de bem e de mal. Ou ainda, que os princípios da moral são ideais, ou seja, objetivos a ser alcançados. Em suma, a ética reflete sobre a moral, ou ainda, a moral pertence ao campo da ética. 
Vale complementar ainda sobre a importância do princípio de moralidade na ética de filósofos consagrados como Sócrates, Aristóteles, Kant, Foucault, Sartre, etc. Ou seja, princípios de moralidade como: prudência, justiça, dever como máxima, subjetividade da moral, liberdade e responsabilidade, etc. 
(DANIEL ARAÚJO-colaborador/administrador do site/blog)





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