Aristóteles |
Política:
Daremos preferência aqui às definições de Aristóteles do termo.
1ª) a
doutrina do direito e da moral: a investigação em torno do que deve ser
o bem e o bem supremo, segundo Aristóteles, parece pertencer à ciência mais importante
e mais arquitetônica: "Essa ciência parece ser a política. Com efeito, ela
determina quais são as ciências necessárias nas cidades, quais as que cada
cidadão deve aprender, e até que ponto" (Ética a Nicômaco, I, 2, 1094 a 26).
2ª) a
teoria do Estado: "Está claro que existe uma ciência à qual cabe
indagar qual deve ser a melhor constituição: qual a mais apta a satisfazer
nossos ideais sempre que não haja impedimentos externos: e qual a que se adapta
às diversas condições em que possa ser posta em prática. Como é quase
impossível que muitas pessoas possam realizar a melhor forma de governo, o bom
legislador e o bom político devem saber qual é a melhor forma de governo em
sentido absoluto e qual é a melhor forma de governo em determinadas condições"(Política, IV, 1, 1288 b 21). Neste
sentido, segundo Aristóteles, a política tem duas funções: 1ª descrever a
forma de Estado ideal; 2ª determinar a forma do melhor Estado possível em
relação a determinadas circunstâncias.
3ª) a
arte ou ciência do governo: Aristóteles assumiu como terceira tarefa da
ciência política: "Um terceiro ramo da investigação é aquele que considera
de que maneira surgiu um governo e de que maneira, depois de surgir, pôde ser
conservado durante o maior tempo possível" (Política, IV, 1, 1288 b 21).
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nota: as três definições acima são fragmentos de definições mais extensas retirados da obra: Dicionário de Filosofia - Nicola Abbagnano; Martins Fontes, 2000.
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É oportuno
trazer algumas definições do termo em função de sua importância ou como acúmulo
de saber, ou como instrumento de referência para com o debate conflituoso pelo
qual passamos atualmente.
Certamente
que as discussões em sala de aula por exemplo seguem o caminho da prática
política brasileira dos últimos dez anos(...). Ou seja, pode-se tomar por dois
viéses que parecem discrepantes em um primeiro momento, mas que
analisados com mais cuidado, proporcionam um paradigma razoável. Isto é, a teoria
representada pela 'ciência política' e a prática política do cotidiano político
nacional. Tomando-se a primeira definição acima como referência, pode-se
espelhá-la na constituição através de suas leis, regras e normas, assim como,
em tantos estatutos de instituições públicas e privadas. Através da segunda
definição acima, acreditar que os políticos e governantes possam encontrar a
melhor forma de Estado assim como a melhor forma diante de determinadas
circunstâncias...(???). E por último a terceira definição acima que, segundo os
teóricos do termo política, é a mais antiga definição assim como a mais
consistente, ou seja, que perdura-se por dois milênios uma vez que representa o
fenômeno político em sua forma contigêncial e circunstancial.
Em dez anos
de histórico de política brasileira, dois governos que ocuparam mandatos
distintos mas que se influenciaram diretamente, podem representar de forma
plena a 'definição' de política, o fenômeno polítco e as circunstâncias que
caracterizam o contingente político. Ou seja, de forma resumida é possível
descrever essa analogia através da sequência de acontecimentos da política
brasileira. Isto é, em um primeiro momento a consolidação da democracia através
da constituição e que, nesta analogia, representa a primeira definição acima,
já que descreve leis, regras e normas a serem tomadas enquanto conduta na
sociedade. Através da consolidação da democracia, estabelece-se a escolha por
uma teoria do Estado que supostamente foi almejada pelos políticos e pricipalmente
pelo povo. Assim como em alguns momentos deste período, foi possível constatar
a oscilação desta forma de governo através de circunstâncias que ora
favoreceram a elite política(em forma de aristocracia), ora favoreceram as
massas(manifestações e decisões reivindicadas pelas massas-em forma de
democracia popular), e que representa a analogia para com a segunda definição.
E por último, a governança sendo assumida por um representante de
centro-esquerda e sua continuidade por mais um mandato, e que nesta analogia
representa-se como exemplo da terceira definição acima.
Em
suma, é possível constatar, na prática política, os ‘cânones’ da política
em sua principal definição uma vez que a contingência política atual trouxe
circunstâncias que representam de forma plena o sentido contingencial. No
exemplo citado acima, podemos reconhecer este sentido em função das tantas
coligações interpartidárias e dos tantos redirecionamentos de medidas que não satisfizeram
somente uma linha de medidas ou o sentido de uma ‘ideologia
partidária’(...). Ou seja, seguiu-se um modelo de governança em que a
preocupação estava centrada ora em satisfazer ‘todo’ o congresso, ora os
principais anseios da população. Assim como é oportuno comentar que o contexto
político atual no ocidente, centra-se acentuadamente na preocupação para com as
demandas das circunstâncias presentes e concomitantemente em
soluções que satisfaçam a maioria da comunidade(...). E, claro, em um contexto
que caracteriza-se mais acentuadamente como sendo democrático. Afinal
vale ressaltar que os ‘cânones’ políticos vêm plenamente praticados quando
vivenciados em um contexto tipicamente democrático, em que a
permissividade aos horizontes das liberdades(...) seja de fato
possível.
(DANIEL
ARAÚJO-colaborador/administrador do site/blog)
Realmente política é um pega-estica-e-puxa imprevisível...!!!
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